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Filomena Loff Barreto

Participante "É contranatura ser cuidadora dos pais, porque deixamos de ser filha para nos tornarmos a mãe dos nossos pais. Existe uma ambivalência muito grande que nos provoca um sofrimento difícil de descrever. Primeiro negamos o que nos está a acontecer, depois revoltamo-nos e depois cuidamos com muito amor. Mas apercebemo-nos que o amor só não chega porque quando lidamos com a demência fazem-se lutos diariamente e a dor é tão forte que muitas vezes torna mais difícil a tarefa de querer cuidar e leva-nos à exaustão. E depois não é cuidar de um só, eu cuido dos dois, pai e mãe. Para que a tarefa se torne possível muitas cedências têm que ser feitas mas na base de tudo está o companheirismo de quem vive connosco e nos compreende ajudando-nos nesta difícil missão.

Lidar com a demência é lidar todos os dias com o desconhecido, uma vez que cada dia é diferente do outro.

É importante que existam ajudas de modo a que o cuidador descanse mas infelizmente nesse e outros aspetos muito falta fazer."

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